Você sabe o que é Ghosting?

Ghosting
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O ghosting não escolhe cenários – aparece em relacionamentos amorosos, amizades que pareciam sólidas e até em situações profissionais. Crédito: Divulgação

Na era das conexões instantâneas, um fenômeno paradoxal vem deixando marcas profundas em nossos relacionamentos: o ghosting. Aquele desaparecimento repentino, sem aviso nem explicação, que transforma uma conversa fluida em um vazio perturbador. O que começa como uma simples mensagem não respondida pode se transformar em uma ferida emocional duradoura, especialmente porque, em um mundo tão conectado, o silêncio nunca foi tão alto.

O ghosting não escolhe cenários – aparece em relacionamentos amorosos, amizades que pareciam sólidas e até em situações profissionais. Há quem defenda essa prática como uma forma “menos dolorosa” de encerrar relações, mas a verdade é que o impacto emocional pode ser devastador. Quando alguém some sem explicação, deixa no outro um rastro de dúvidas e questionamentos que vão muito além de um simples término.

Por trás desse comportamento, muitas vezes encontramos pessoas que fogem de conflitos ou que, imersas na cultura do descarte emocional, tratam os relacionamentos como coisas temporárias e substituíveis. A tecnologia, que deveria nos aproximar, às vezes nos afasta da humanidade básica – a capacidade de encerrar ciclos com respeito e clareza. Afinal, é mais fácil desaparecer do que enfrentar o desconforto de uma conversa difícil.

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Quem sofre o ghosting vive uma experiência particularmente cruel de rejeição. Sem respostas, a mente humana tende a preencher os vazios com as piores interpretações: “O que eu fiz de errado?”, “Será que não valia nem uma despedida?”, “Como confiar em alguém de novo?”. Esses questionamentos podem minar a autoestima e criar barreiras emocionais que dificultam novos vínculos.

O caminho para superar essa dor começa por entender que o ghosting diz mais sobre quem some do que sobre quem fica. A maturidade emocional se mostra justamente na capacidade de lidar com despedidas, mesmo que difíceis. Se você já passou por isso, permita-se sentir a decepção, mas não deixe que ela defina seu valor. Relações verdadeiras são construídas com comunicação – e terminam com ela também.

E se você já praticou ghosting, talvez seja hora de refletir: o silêncio pode parecer a saída mais fácil, mas raramente é a mais justa. Um simples “não sinto que isso está funcionando” pode doer no momento, mas poupa a outra pessoa de meses de incerteza. Nas relações humanas, até os finais merecem ser vividos com integridade.

No fim, o ghosting nos lembra que, em um mundo de conexões superficiais, o verdadeiro desafio é aprender a nos desconectar com humanidade. Porque todo relacionamento – mesmo os que terminam – merece um fechamento que honre a dignidade de ambos os lados. Afinal, somos mais que perfis digitais; somos pessoas reais, com emoções reais, merecendo despedidas reais.

Se você está sofrendo com os efeitos do ghosting ou outras questões emocionais, lembre-se que buscar ajuda pode ser muito importante para você. Psicólogos podem oferecer suporte especializado para lidar com essas situações. Em casos de crise emocional, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio gratuito 24 horas por dia, através do telefone 188, chat online ou e-mail (www.cvv.org.br). Você não está sozinho(a).

Nilson Sant’Ana Aliprandi é Psicólogo Clinico – CRP 16/11049.

Psicólogo Humanista que realiza psicoterapia para adultos baseado na Abordagem Centrada na Pessoa. Também tem foco na prevenção do suicídio e autolesão, luto, negritude, LGBTQIAPN+, ansiedade, transtorno alimentar, depressão, autoconhecimento e etc. Contato: 27 99690-2180.

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