Vereador da Serra é acusado de humilhar servidora e vai parar na delegacia

Antonio CEA: Crédito divulgação
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Vereador Serra
O vereador Antonio Carlos CEA. Crédito: Divulgação

Uma discussão no plenário da Câmara da Serra terminou em registro de boletim de ocorrência na delegacia, nesta segunda-feira (12), após um embate entre o vereador Antônio Carlos CEA e a servidora do Legislativo, Saionara Paixão.

O contexto da confusão diz respeito à suposta intolerância religiosa e críticas do parlamentar às mudanças na nomenclatura da Comissão de Direitos Humanos.

Tudo começou na semana passada, quando os vereadores aprovaram o Projeto de Resolução nº 10/2025, que atualiza o Regimento Interno da Câmara. Entre as mudanças, está a alteração do nome da comissão, que passa a se chamar “Comissão de Direitos Humanos, Igualdade Racial, da Mulher, do Idoso, da Criança e do Adolescente, das Pessoas com Deficiência e dos Povos Tradicionais”. A nova nomenclatura substitui o termo “do Negro” por “Igualdade Racial” e inclui os Povos Tradicionais.

Durante aquela sessão, o vereador CEA questionou a relevância da comissão, afirmando que seria “completamente irrelevante” e declarou que “todos somos iguais” perante a Constituição.

A fala foi mal recebida por lideranças do movimento negro e de religiões de matriz africana da cidade, que já questionaram CEA outras vezes sob acusações de intolerância religiosa.

Na sessão desta segunda-feira (12), o assunto voltou à tona, quando o vereador Evandro de Souza Ferreira saiu em defesa de CEA, incendiando ainda mais a situação. A servidora Saionara Paixão, que trabalha na cabine de comunicação dentro do plenário e é ligada ao movimento religioso Umbanda, teria reagido à declaração, manifestando-se de forma contrária. Nesse momento, CEA, junto com outros parlamentares, chamou a atenção da servidora. A tensão aumentou e a sessão precisou ser interrompida.

CEA teria ido fisicamente até a servidora tirar satisfação, iniciando um bate-boca. Abalada e se sentindo “humilhada”, a mulher caiu em lágrimas e precisou ser retirada do plenário, se dirigindo até a delegacia.

Vale ressaltar que, segundo consta, Saionara e CEA já teriam tido um conflito anterior, em que a servidora acusou o vereador de ‘intolerância religiosa’ durante uma sessão solene em comemoração a Insurreição do Queimado.

Após a retomada, os ânimos continuaram exaltados. A reportagem procurou CEA, que se resumiu a criticar o Tempo Novo por supostamente não ouvi-lo anteriormente. Cabe aqui uma ressalva: o assunto veio à tona através da coluna de opinião Mestre Álvaro, que tomou como base as falas do próprio vereador em plenário, não sendo necessário, portanto, ouvi-lo novamente, como é padrão jornalístico.

Em nota, Saionara afirmou que foi vítima de uma tentativa de humilhação pública:

“Hoje eles fizeram essa humilhação no plenário. Estou na delegacia, vou fazer o Boletim de Ocorrência e acionar o Ministério Público”.

+ Veja atualização: Vereador da Serra nega ter ofendido servidora umbandista e dá sua versão dos fatos

O presidente do Conselho Municipal de Promoção de Política de igualdade Racial, Ivo Lopes, enviou nota à redação sobre o ocorrido.

“Como presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial da Serra, considero inaceitável o que vem acontecendo na Câmara Municipal. O desrespeito e a violência institucional contra servidores públicos, especialmente mulheres e minorias, não podem ser naturalizados. O Conselho acompanhará o caso de perto e encaminhará denúncia formal ao Ministério Público, exigindo providências imediatas”.

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Mari Nascimento

Mari Nascimento é repórter do Tempo Novo há 18 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a de Política.

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