
Com praias deslumbrantes, ondas espetaculares, montanhas e vulcões desafiadores, a Indonésia, no Sudeste Asiático, foi palco de um trágico acidente que tirou a vida da brasileira Juliana Marins, de 26 anos. Ela caiu durante uma trilha no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, no sábado (21), sendo encontrada morta na terça-feira (24). Analistas classificam o desfecho como ‘negligência’ por parte do guia que acompanhava o grupo e à morosidade no resgate da vítima.
Acidentes como o de Juliana acontecem com frequência em diversas partes do mundo e é importante entender o que levou a esse desfecho, a fim de evitar que casos como este se repitam.
De acordo com o ambientalista Edson Reis, que atua como guia na Serra, ficar sozinho em uma trilha é arriscado, uma vez que o trilheiro pode se perder, ser atacado por algum animal peçonhento, se tiver nevoeiro, cair em uma pirambeira. Ele comentou ainda que é importante que ao menos dois guias. “O ideal é que o guia nunca deixe ninguém para trás. Ter dois guias, sendo um em frente ao grupo e outro guia seguindo o grupo”, disse.
Sobre o caso da Indonésia, Reis avalia as responsabilidades. “Para mim, o culpado não foi o guia; foi negligência dos órgãos que autorizam a trilha. Deveria ter uma equipe treinada para o caso de acidentes. Então as falhas, primeiramente foi por não ter a equipe e também pela demora. A maior falha foi a demora no atendimento, no resgate. No momento que identificou que ela caiu, deveria ter feito uma operação, ficar com ela no local e descer comida e água para ela. Foi imprudência [da administração] local”, avaliou.
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Edson costuma guiar turistas ao Mestre Álvaro, na Serra. Ele lembra algumas das situações que presenciou. “Já socorri pessoas lá, que subiram sozinhas e se perderam. Já fui guiando os bombeiros. Também houve o caso de um biólogo que precisou ser resgatado com um helicóptero”, frisou.
Sobre as funções de um bom guia, diz que é preciso dar toda orientação antes da subida. Lembrou que no Mestre Álvaro tem uma área, o Vale da Jararaca, onde é preciso ter cuidado com as serpentes. “Cuidado com os abismos; não fazer selfies; não ficar muito próximo às pirambeiras; não se afastar sem avisar aos guias. Não andar à frente ou atrás do guia e obedecer ao guia”, enumerou.
Ainda sobre o caso da Indonésia, perguntado sobre qual pode ter sido a causa da morte, o ambientalista ponderou. “Quando vi a primeira foto, ela nem estava tão longe do grupo, daria para socorrer logo, não sei por que demoraram tanto. Acho que não deram tanta importância tão grande. O caso de escorregar, ela pode ter tentado se movimentar para sair e escorregou mais ou pode ter desmaiado. Não sei como é o vulcão, mas com certeza está levantando gases, fuligem provocando dificuldades para respiração. Entre as privações (frio, fome e sede), certamente a sede, por estar na boca de um vulcão, que tem certa atividade, embora inativo e o frio”.

Ele orienta ainda, em casos semelhantes, que a pessoa se mantenha no lugar. “No caso do Mestre Álvaro, se estiver lá em cima, sem telefone, vai passar perrengue à noite. Não tem como acender fogueira, nem pode, o certo é encontrar um local alto, como árvore ou pedra, para se abrigar, um lugar alto”, finalizou Edson, que é presidente do Conselho de Turismo da Serra.