Serra teve mais de 5,5 mil assassinatos em 15 anos

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Homem assassinado em plena luz do dia em outubro de 2014 em Maringá. Foto: Arquivo TN / Joatan Alves
Homem assassinado em plena luz do dia em outubro de 2014 em Maringá. Foto: Arquivo TN / Joatan Alves
Homem assassinado em plena luz do dia em outubro de 2014 em Maringá. Foto: Arquivo TN / Joatan Alves

Por Thiago Albuquerque

Em 15 anos foram assassinadas 5587 pessoas na Serra. O número reflete a liderança do município neste triste ranking. E apesar da queda de 6% em 2015, vem aumentando a distância no número de homicídios na cidade em relação às suas vizinhas de tamanho semelhante: Cariacica, Vila Velha e Vitória.

Prova disso é que no ano passado foram mortas 320 pessoas na Serra. A capital Vitória, teve 74 mortos, seguido de Vila Velha, com 174 e Cariacica com 175. Entre as quatro, a Serra foi responsável por nada mais nada menos que 43% dos casos. Em todo o Estado, foram 743 assassinatos em 2015.

“A Serra tem um espaço territorial maior, o que dificulta o combate à violência. Tem um histórico de micro lideranças do crime em comunidades muito carentes, vivendo em curto espaço. É um cenário que só recentemente a administração local vem conseguindo diminuir, urbanizando a cidade”, avalia o secretário estadual de Segurança Pública, André Garcia.

Nesses últimos 15 anos, os mais violentos foram 2002, com 434 mortos; 2008, com 431 e 2003 com 416. André diz esperar apoio da Prefeitura para ajudar a combater o problema. “É importante no desenvolvimento de ações complementares para mapeamento das áreas de risco. O objetivo é reduzir mais uma vez os homicídios em Serra e fechar o sétimo ano com redução nos indicadores criminais”, destaca.

Indústria e migração intensa são causas

Pesquisador do Instituto Jones Santos Neves e especialista em estudos da violência, Pablo Lira, diz que a matança da Serra está atrelada ao modelo de desenvolvimento da cidade.  “Tudo passa pelo processo de urbanização do município na década de 1970, quando recebeu boa parte de plantas industriais do ES, como o polo Civit, e a CST em 1983. Esse modelo não combinava o crescimento econômico com o desenvolvimento social”, aponta.
Pablo diz que essa súbita industrialização gerou intensa migração. “A Serra teve um crescimento muito forte que gerou um crescimento populacional desordenado. Com isso o mercado informal explodiu e os problemas sociais apareceram, gerando a onda de violência”, analisa.

Apesar disso, o pesquisador está otimista.  “Em 2008 o ES tinha 58 homicídios por 100 mil habitantes. Em 2015 foi para 35. Se a Serra seguir essa tendência, vai deixar o topo do ranking, assim como o estado já não está entre os cinco mais violentos”, conclui.

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Gabriel Almeida

Jornalista há mais de ano anos, Gabriel Almeida é editor-chefe do Portal Tempo Novo. Atua diretamente na produção e curadoria do conteúdo, além de assinar reportagens sobre os principais acontecimentos da cidade da Serra e temas de interesse público estadual.

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