Reviravolta: motorista de aplicativo é inocentado após matar duas pessoas na Serra

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Momento em que o motorista, após conseguir se desvencilhar, saca a arma e atira contra os assaltantes. Foto: divulgação

A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) concluiu a investigação do caso ocorrido na noite do dia 24 de janeiro deste ano, no bairro Lagoa de Jacaraípe, na Serra, onde um motorista por aplicativo reagiu a uma tentativa de assalto e matou dois dos três suspeitos envolvidos na ação criminosa. A apuração foi encerrada com o entendimento de que o motorista agiu em legítima defesa. O inquérito foi arquivado a pedido do Ministério Público.

Inicialmente, o caso era tratado como duplo homicídio, porém, ganhou contornos diferentes à medida que a investigação avançava. Com as evidências coletadas, como imagens, depoimentos e laudos pericias, a versão do motorista foi confirmada. Nela, ele teria sido violentamente agredido no próprio veículo pelos três assaltantes, que haviam solicitado a corrida já com o intuito do assalto.

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Segundo o chefe da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, Rodrigo Sandi Mori, a dinâmica do crime foi clara. “O adolescente sacou um simulacro de arma de fogo e apontou para a cabeça do motorista. Simultaneamente, um dos comparsas começou a enforcá-lo, enquanto o outro o agredia com socos e chutes. Foi uma ação violenta e coordenada”, explica ao Tempo Novo.

Ainda segundo o delegado, o motorista conseguiu se desvencilhar dos agressores e, em uma segunda tentativa de sair do veículo, pegou sua pistola de calibre 380, que estava de baixo do tapete do veículo. Com a arma, o motorista efetuou oito disparos, atingindo dois dos suspeitos, Márcio Vinícius dos Santos Henkert, 21 anos, e um adolescente de 17 anos.

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“O motorista estava em desvantagem numérica, sendo agredido por três indivíduos. O único meio que ele tinha para preservar a própria vida naquele momento era o uso da arma de fogo”, afirmou o delegado. “A lei é muito clara quanto à legítima defesa, e os elementos do inquérito comprovaram isso de forma inequívoca”, completou Sandi Mori.

Na noite do crime, moradores da região relataram à Polícia Militar uma série de disparos. As vítimas foram encontradas em locais distintos: uma em uma ambulância do Samu, onde faleceu, e a outra, cerca de 400 metros adiante, já sem vida. Ambos não residiam no bairro, conforme apurado à época.

Os corpos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) da Polícia Científica, onde passaram por necropsia. O caso chamou atenção pela violência da ação e a reação do motorista, além da repercussão causada pelos vídeos que registraram os momentos da agressão e dos disparos.

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Terceiro envolvido preso

Momento em que o motorista, após conseguir se desvencilhar, saca a arma e atira contra os assaltantes. Foto: divulgação

O terceiro suspeito, Flávio Henrique Augusto da Silva, 21 anos, conhecido como “Cara de Cachorro”, conseguiu fugir, mas foi identificado e preso preventivamente no último dia 11 de maio. Segundo a Polícia, ele havia dispensado o celular da vítima enquanto fugia. O aparelho foi encontrado por um morador e entregue à polícia após ser reconhecido pelo motorista.

Durante o depoimento, Flávio inicialmente apresentou uma versão que isentava sua participação, atribuindo toda a responsabilidade aos outros dois assaltantes. Porém, diante das provas reunidas, o delegado representou por sua prisão preventiva. Flávio responde pelos crimes de tentativa de latrocínio e corrupção de menores, tendo em vista que um dos participantes era adolescente.

Motorista vai responder por porte ilegal de arma

Com o término das investigações e a conclusão de que houve legítima defesa, a Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) recomendou o arquivamento do caso ao Ministério Público, que acatou o pedido. No entanto, o motorista ainda responderá em liberdade por porte ilegal de arma de fogo, já que, embora tivesse o registro da arma em seu nome, não possuía autorização para portá-la fora de casa.

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