Psicoterapia ainda é tabu?

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Ainda existe quem ache que procurar um psicólogo é sinal de fracasso, de incapacidade de lidar com os próprios problemas, ou até de “frescura”. Crédito: Pexels

Fazer terapia já foi visto, durante muito tempo, como algo restrito a “loucos” ou “gente fraca”. Hoje, esse estigma diminuiu — mas não desapareceu. Ainda existe quem ache que procurar um psicólogo é sinal de fracasso, de incapacidade de lidar com os próprios problemas, ou até de “frescura”. Esse preconceito, mesmo que velado, continua afastando milhares de pessoas de um cuidado que poderia transformar suas vidas.

Vivemos em uma sociedade que valoriza a autossuficiência e a força individual. Pedir ajuda, nesse contexto, pode soar como derrota. Mas é justamente o contrário: reconhecer que há algo que não conseguimos dar conta sozinhos é sinal de coragem e maturidade. Afinal, ninguém questiona quem vai ao cardiologista cuidar do coração ou ao oftalmologista cuidar da visão. Então por que tanto preconceito quando o assunto é cuidar da mente?

Outro fator que ainda alimenta o tabu é a desinformação. Muita gente não sabe o que acontece dentro de um consultório de psicologia, imagina cenas de filmes, onde a pessoa fala sem parar enquanto o terapeuta anota em silêncio. Na realidade, a psicoterapia é um processo de escuta, acolhimento e reflexão, com técnicas fundamentadas cientificamente, que ajudam a lidar com dores, crises, dúvidas e a construir caminhos mais saudáveis para viver.

Além disso, questões culturais e religiosas podem reforçar o medo de buscar terapia. Há quem diga que “fé resolve tudo” ou que basta ter força de vontade para superar qualquer sofrimento. É claro que a espiritualidade pode ser um grande apoio, mas não substitui o acompanhamento profissional quando há quadros de depressão, ansiedade, estresse pós-traumático ou transtornos de personalidade. Fé e terapia podem, inclusive, caminhar juntas.

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É fundamental lembrar que psicoterapia não serve apenas para situações graves. Pode ser também um espaço de autoconhecimento, de construção de projetos de vida e de fortalecimento emocional. Prevenir o adoecimento psíquico faz parte de cuidar da saúde — e deve ser normalizado.

Ainda há obstáculos importantes, como o custo e a dificuldade de acesso na rede pública, mas hoje existem diferentes caminhos: atendimentos particulares, plataformas online, clínicas-escola de universidades, os serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde em unidades básicas de saúde (UBS), Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e outros programas municipais e estaduais.

Informar a população sobre essas possibilidades é essencial para que ninguém fique sem assistência. Além disso, é fundamental verificar se o profissional escolhido está regularmente registrado no Conselho Regional de Psicologia (CRP), pois isso garante qualificação, segurança e ética no atendimento, evitando práticas indevidas ou não autorizadas.

Cada passo dado para romper o preconceito faz diferença. Falar sobre terapia com naturalidade, compartilhar boas experiências e valorizar o trabalho dos psicólogos são atitudes que ajudam a quebrar o estigma.

Cuidar da saúde mental é um direito de todos. E buscar ajuda profissional não diminui ninguém — ao contrário, amplia possibilidades de viver com mais sentido e dignidade.


Por Nilson S. Aliprandi, psicólogo clínico humanista (CRP 11/04916)
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Para dúvidas, críticas, sugestões ou informações sobre atendimentos, fique à vontade para entrar em contato.

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