Professora importa boneca da África para aula sobre racismo

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Fabíola é de Barcelona e começou seu projeto no ano passado com alunos de quatro anos. Foto: Divulgação
Fabíola é de Barcelona e começou seu projeto no ano passado com alunos de quatro anos. Foto: Divulgação
Fabíola é de Barcelona e começou seu projeto no ano passado com alunos de quatro anos. Foto: Divulgação

Por Clarice Poltronieri

Nesta sexta-feira (20) é comemorado o dia da Consciência Negra. E uma professora serrana, para ajudar a romper preconceitos, desenvolve um trabalho há dois anos com sua turma de educação infantil.

Fabíola Fraga é de Barcelona e começou seu projeto no ano passado com alunos de quatro anos. Em 2015, decidiu continuar com a mesma turma, agora com cinco anos, para continuar o que começara.

“Este ano trabalhei com eles o livro Chico Juba, um menino negro. Isso porque os alunos me cobraram, pois no ano passado foram dois livros de meninas negras: Bruna e a Galinha da Angola e O Cabelo de Lelê. De uma das histórias ríamos este ano o panô, que meu amigo fez um mapa da África e vamos todos assinar”, conta.

O grafiteiro a que ela se refere é Edson Sagaz, de Serra Dourada, que foi até Goiabeiras para ajudar no projeto com oficinas de hip-hop e grafite. “E nós ficamos surpresos, pois muitos alunos já conheciam e adoraram”, diz Fabíola.

Bonecas usadas pela professora na sala de aula. Foto: Divulgação
Bonecas usadas pela professora na sala de aula. Foto: Divulgação

Tudo começou em 2014, quando a professora percebeu uma carga de preconceito na fala de alguns alunos e decidiu pesquisar sobre a questão do negro no país. “Vi que faltava a imagem do negro nas redes de comunicação e decidi mudar isso criando uma sala ambiente para elevar a autoestima deles. Tinha crianças que se enxergavam brancas, mesmo não sendo”.

Desde então, os alunos passaram a estudar em uma sala cheia de fotos de homens e mulheres negras  mapas do Brasil e da África, e até bonecas importadas Gana Nigéria e Quênia.

“Teve aluno que descobriu foto dos bisavós africanos, que nem sabia. E as bonecas, tive que importar pois não encontrava no mercado, só os bebês grandes e queria mostrar a eles que príncipes, princesas também são negros”, aponta.

Este ano, os pequenos irão para outra escola, pois vão para o primeiro ano, mas a professora tem a sensação de dever cumprido. “Meus alunos são sementes que vão germinar na sociedade, que tem certeza da sua beleza, da sua importância, das suas origens”.

 

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Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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