Nova mortandade de peixes devasta a lagoa Juara

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Peixes mortos na lagoa Juara em setembro de 2016: entre as causas está a poluição. Foto: Arquivo TN
Há milhares de peixes mortos, tanto de água doce quanto de água salgada, nas margens da lagoa. Foto: Bruno Lyra
Há milhares de peixes mortos, tanto de água doce quanto de água salgada, nas margens da lagoa. Foto: Bruno Lyra

Bruno Lyra

Uma nova mortandade de peixes está devastando a lagoa Juara, a maior da Serra. E além das tilápias criadas em tanques rede, está matando os peixes nativos que ficam soltos, incluindo aí as espécies de água salgada que passaram a ser vistas com mais frequência e em maior quantidade desde que a prefeitura da Serra dragou e alargou o canal do rio Jacaraípe, que liga a Juara ao mar. Desta vez, até siris e camarões estão morrendo.

A reportagem esteve na lagoa no início da tarde desta quarta – feira (21). O cenário no local é desolador. Pessoas pegando os peixes que ainda agonizavam, urubus comendo os peixes mortos empurrados pelo vento para as margens. Também já dava para notar o mau cheiro.

Segundo o vice presidente da Associação de Pescadores da Lagoa Juara, Natanael Cardoso da Silva, toda a produção de tilápia em tanques rede foi perdida. “As mortes começaram na madrugada de terça-feira (20). Cera de 20 toneladas foram perdidas. Fizemos a medição do oxigênio  na água e vimos que estava perto de zero. Acreditamos que esta seja a causa, pois a seca reduziu muito a quantidade de água doce. É uma situação difícil para os 28 associados, estamos trazendo peixes de Linhares para não ficarmos sem renda”, relata.

As tilápias mortas foram recolhidas por caminhões enviados pela Prefeitura na manhã desta quarta-feira. Em junho outra mortandade atingiu a Juara, mas ela afetou principalmente as tilápias, não atingindo os peixes de água salgada. Na ocasião as tilápias apresentavam feridas e houve quem creditasse o fato à maior quantidade de sal que passou a entrar na lagoa após a obra no rio Jacaraípe.

Mas o que está acontecendo agora é diferente, pois peixes de água doce e salgada estão sendo dizimados indistintamente. O líder comunitário do

Até os siris, crustáceos conhecidos pela resistência, não estão suportando. Foto: Bruno Lyra
Até os siris, crustáceos conhecidos pela resistência, não estão suportando. Foto: Bruno Lyra

bairro Lagoa, Antônio Pereira dos Santos, cobra uma explicação dos órgãos ambientais. “Não é possível que seja por conta do sal ou falta de oxigênio, pois desta vez está morrendo até siri. Queremos uma investigação e uma reposta para o que isto. Nunca houve mortandade que matasse tantas espécies quanto agora”, alerta.

O presidente do Instituto Brasileiro de Fauna e Flora (Ibraff), Claudiney Rocha, afirma que a lagoa está entrando em colapso.  Claudiney também é morador da região. “O excesso de esgoto  que vem das regiões da Serra sede  e Jacaraípe, combinado com a abertura do rio que trouxe muito sal para a lagoa, pioraram muito a situação da Juara nos últimos anos”, avalia.

Prefeitura diz que está acompanhando o caso  

A Prefeitura da Serra disse, através da assessoria de imprensa, que está acompanhando o caso prestando assistência à Associação de Pescadores da Lagoa do Juara. Afirmou que a mortandade atual está sendo investigada e pode ter sido gerado por falta de oxigênio na água, devido à falta de chuva. E alertou que não é recomendável o consumo de peixes recolhidos neste caso.

A Prefeitura informou ainda que, diferentemente da situação de junho, desta vez os peixes não foram encontrados com lesões e sim indo à superfície para captar oxigênio.

Quanto à mortandade de Junho, a Prefeitura afirma que foi um “fato isolado  causado pelo estresse devido à pesca predatória, o que reduziu a imunidade deles à bactéria Aeromonas Hydrophila, normalmente encontrada nesses peixes”.

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Gabriel Almeida

Jornalista há mais de ano anos, Gabriel Almeida é editor-chefe do Portal Tempo Novo. Atua diretamente na produção e curadoria do conteúdo, além de assinar reportagens sobre os principais acontecimentos da cidade da Serra e temas de interesse público estadual.

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