
O deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos) está sendo acusado pela Prefeitura da Serra de causar medo e constrangimento a refugiados venezuelanos que vivem em um imóvel localizado em Jacaraípe. A ação teria ocorrido na manhã desta segunda-feira (16), por volta das 6h, quando o parlamentar, acompanhado de um grupo de cerca de 20 pessoas, teria invadido o local onde vivem 54 imigrantes. Entre os refugiados estão mulheres, idosos e crianças.
As famílias venezuelanas estão em situação regular no município e foram encaminhadas à Serra por meio do Fluxo Nacional de Interiorização, um programa articulado por instituições como o ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), Exército Brasileiro, Polícia Federal, entre outras entidades, como parte da Operação Acolhida — ação humanitária do governo federal criada em 2018 para atender e integrar migrantes venezuelanos em todo o Brasil.
Venezuelanos estão com documentação regularizada
De acordo com a Prefeitura, os imigrantes possuem toda a documentação regularizada, vacinas em dia e estão empregados por meio de uma iniciativa de responsabilidade social promovida pela rede de supermercados Carone, que atua com foco na empregabilidade e acolhimento humanitário de migrantes.
Ainda segundo o município, o deputado teria entrado no imóvel sem qualquer autorização judicial ou institucional, utilizando supostas identificações falsas. Segundo a Prefeitura, relatos apontam que mulheres venezuelanas foram coagidas por indivíduos do grupo, gerando medo e constrangimento nas famílias. Em nota, a Prefeitura afirmou:
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“A Prefeitura considera a gravidade do ocorrido e já encaminhou denúncia formal aos órgãos de controle e proteção de direitos, além de acionar a Defensoria Pública da União para assegurar a proteção legal das famílias envolvidas.”
O Fluxo Nacional de Interiorização, citado na nota, é uma das principais estratégias da Operação Acolhida e busca realocar voluntariamente imigrantes venezuelanos que chegam ao Brasil em situação de vulnerabilidade, principalmente em estados fronteiriços como Roraima, para cidades com melhores condições de acolhimento, emprego e moradia.
Procurado pela imprensa’, o Grupo Carone preferiu não polemizar, mas confirmou à colunista Vilmara Fernandes, de A Gazeta, que o deputado e seus assessores estiveram na residência. Em nota, informou que os esclarecimentos sobre a contratação dos migrantes foram devidamente prestados e que a empresa segue à disposição dos órgãos competentes.
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Nos bastidores, informações dão conta de que o diretor de Recursos Humanos do grupo, Cosme Peres, foi rapidamente ao local e pediu que Muribeca se retirasse, reforçando que a casa se tratava de propriedade privada e que todos os moradores estavam legalizados, empregados e amparados pela legislação brasileira.
Apesar de ser conhecido por registrar e divulgar suas ações nas redes sociais, até o momento Pablo Muribeca não divulgou nada em seus canais digitais.
O que diz o deputado Pablo Muribeca
A reportagem procurou o deputado, que disse que recebeu a demanda relacionada à presença de um grupo de imigrantes venezuelanos em uma casa em Jacaraípe. Naquele momento, ele ainda não tinha pleno conhecimento das condições e da natureza da situação. Em resposta imediata, dirigiu-se pessoalmente ao local, exercendo sua legítima prerrogativa parlamentar.
Ainda segundo o deputado, ao chegar, foi recebido de forma carinhosa e respeitosa pelas famílias presentes, que inclusive fizeram e ofereceram um cafezinho ao deputado. Posteriormente, o gestor de Recursos Humanos do Grupo Carone, Sr. Cosme chegou no local, do qual esclareceu os fatos, que se trata de um projeto piloto do grupo Carone com o Exército Brasileiro e a ONU.
Também esteve presente o Sr. Crivilin do Grupo Carone, que depois da recepção, enviou uma mensagem ao deputado: “Salva o contato, qualquer coisa tô a disposição aqui. Vamos marcar uma visita lá para apresentarmos tudo pra você.” e o deputado respondeu “Blz meu amigo, obrigado pela recepção”. O que evidencia que as suposições que estão sendo trazidas pelo jornal junto da prefeitura são equivocadas.
Importante destacar que, antes da visita, o deputado já havia comunicado a promotora Luciana Almada, da Promotoria de Defesa do Cidadão da Serra, que, inclusive, solicitou diligência sobre o caso. Após o deslocamento, o deputado também esteve com a Promotora Luciana, para esclarecer a situação que estava ocorrendo.
Em nenhum momento o deputado adentrou o local de forma indevida, tampouco constrangeu ou ameaçou qualquer pessoa, as provas estão documentadas em vídeos. Toda a ação foi conduzida com responsabilidade, diálogo e respeito, dentro dos limites da função parlamentar.
Cabe ainda ressaltar que o próprio deputado solicitou ao prefeito Weverson que deixasse divergências de lado e se somasse aos esforços para garantir apoio e acolhimento digno às famílias venezuelanas, a prefeitura só foi acionada por causa do deputado Pablo Muribeca