Movimentar-se: como os exercícios ajudam a saúde mental

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Os exercícios físicos ajudam a reduzir os níveis de cortisol (o hormônio do estresse), aumenta a produção de endorfinas (substâncias do bem-estar) e melhora a qualidade do sono. Crédito: Pixabay

Vivemos momentos que exigem de nós. Nunca tivemos tanta tecnologia para facilitar a vida, mas também nunca fomos tão sedentários, estressados e ansiosos. O trabalho consome horas intermináveis em frente às telas, os deslocamentos são feitos sentados, e o pouco tempo livre muitas vezes é gasto em mais passividade diante de smartphones e televisores. Neste contexto, o simples ato de movimentar o corpo tornou-se um poderoso antídoto contra as doenças da modernidade.  

A atividade física regular reduz os níveis de cortisol (o hormônio do estresse), aumenta a produção de endorfinas (substâncias do bem-estar) e melhora a qualidade do sono. Mas seus benefícios vão além da bioquímica. Quando nos exercitamos, reconquistamos algo essencial que a vida contemporânea nos roubou: a conexão com nosso próprio corpo. Num mundo que nos incentiva a viver apenas na mente – entre preocupações, planos e ansiedades – o movimento nos traz de volta ao presente, ao aqui e agora.  

O desafio está em romper com os ciclos viciosos que nós mesmos criamos ou que nos foi imposto. Chegamos cansados do trabalho e “merecemos” ficar no sofá. Acordamos exaustos e pulamos o alongamento matinal. Adiamos aquela caminhada porque “não temos tempo”. E assim, dia após dia, vamos nos desconectando de nossas necessidades físicas básicas, enquanto o estresse se acumula silenciosamente.  

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Não se trata de buscar performance atlética ou corpos perfeitos. O movimento que cura pode ser simples: uma caminhada consciente no quarteirão, subir escadas em vez do elevador, alongar-se por alguns minutos ao acordar, dançar ao som de uma música favorita. O importante é a regularidade, não a intensidade. Trinta minutos diários já fazem diferença significativa no humor e na disposição.  

As barreiras, sabemos, não são apenas individuais. Cidades hostis ao pedestre, longas jornadas de trabalho, ausência de políticas públicas que incentivem a atividade física – tudo isso dificulta a mudança. Mas justamente por isso, assumir o compromisso de se movimentar torna-se um ato político de resistência. É dizer “não” a um sistema que nos adoece para vender remédios, e “sim” a uma vida mais integrada e saudável.  

Para quem está começando, a dica é simples: comece pequeno, mas comece hoje. Troque alguns minutos de tela por movimento. Convide um amigo para acompanhar – tudo fica mais fácil com apoio. Se possível, busque orientação profissional. E quando a desmotivação aparecer, lembre-se: você não está malhando por vaidade, está exercitando sua saúde mental.  

Cuide de você, cuide do seu corpo e da sua mente. Num mundo que nos pressiona a produzir sem parar, dedicar tempo ao movimento é um ato de amor-próprio. Afinal, nosso bem-estar não deveria ser negociável.  


Nilson Sant’Ana Aliprandi é Psicólogo Clinico – CRP 16/11049.

Psicólogo Humanista que realiza psicoterapia para adultos baseado na Abordagem Centrada na Pessoa. Também tem foco na prevenção do suicídio e autolesão, luto, negritude, LGBTQIAPN+, ansiedade, transtorno alimentar, depressão, autoconhecimento e etc. Contato: 27 99690-2180.

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