Ministério Público vai investigar desmate autorizado pelo Estado

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No local desmatado há árvores grandes e presença de animais silvestres. Foto: Bruno Lyra
No local desmatado há árvores grandes e presença de animais silvestres. Foto: Bruno Lyra
No local desmatado há árvores grandes e presença de animais silvestres. Foto: Bruno Lyra

Bruno Lyra

A devastação de uma área de mata Atlântica na zona rural da Serra entre a lagoa Juara e o rio Reis Magos será investigada pelo Ministério Público Estadual (MPES). O desmatamento atingiu uma área com cerca de 8 hectares, o equivalente a oito campos de futebol. Aconteceu numa fazenda particular e foi autorizado pelo Instituto de Defesa Agropecuária Florestal do Espírito Santo (Idaf).

A assessoria de imprensa do MPES disse que um procedimento para apurar o caso foi aberto após o órgão receber um boletim de ocorrência e relatório fotográfico da Polícia Ambiental no início de julho. Tempo Novo noticiou com exclusividade o caso e a reportagem esteve no terreno na última terça (02) junto com quatro técnicos do Idaf, dentre eles o responsável por assinar a liberação, Isidoro Nascimento Simões.

Isidoro disse que a autorização foi dada dentro da legalidade, pois se tratava de floresta em estágio inicial de regeneração, fora de área de preservação permanente (APP) e reserva legal da propriedade. Mas no terreno descampado, há arvores grandes, com cerca de 15 m de altura segundo os próprios técnicos, que não souberam informar a razão delas terem sido poupadas nem a que espécie pertencem.

Já os ativistas ambientais que atuam na região, Claudinei Rocha, do Instituto Brasileiro de Fauna e Flora (Ibraff), e Adriano Santana, dono do canal no Youtube As Aventuras de Nino, reclamam que o local devastado era habitado por animais ameaçados de extinção como a preguiça-de-coleira e a jaguatirica.

“Antes de ter autorizado um corte raso como este, o Idaf deveria ter exigido pelo menos um levantamento da fauna local”, observou Claudiney.  O órgão estadual não soube dizer o que os donos plantarão no terreno. Mas o único cultivo que há na região é o de eucalipto, cultura cujos novos plantios foram proibidos recentemente por lei municipal.

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Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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