Maior exportadora do Brasil: Serra lidera mercado bilionário de rochas ornamentais

Chapas de granito e mármore: valor agregado e mais empregos.
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Fundada por Jonas Zucchi em 1994, a Zucchi se tornou uma das maiores do setor na Serra. Crédito: divulgação.

A Serra segue como o município mais relevante do Brasil na exportação de rochas ornamentais, consolidando sua posição de liderança no setor. Dados fechados de janeiro a dezembro de 2024 confirmam que o Espírito Santo continua como o estado líder nacional nesse mercado, e a Serra desempenha um papel absolutamente central, tanto na exportação de blocos brutos quanto, principalmente, no beneficiamento e envio de chapas para o exterior.

Segundo o relatório de exportações de rochas do Sindirochas, as exportações capixabas do setor totalizaram US$ 1,037 bilhão em 2024, com um volume de 1,54 milhão de toneladas, representando expressivos 82,11% das exportações brasileiras em valor financeiro. A Serra respondeu por 30,73% desse total em receita e 19,09% do volume exportado. No cenário nacional, a participação serrana também é expressiva: 25,23% do valor total das exportações brasileiras e 14,32% do volume exportado pelo país, consolidando a cidade como o principal polo exportador do Brasil. Na prática, um em cada quatro dólares gerados pelas exportações de rochas ornamentais no Brasil vem da Serra.

A vocação da cidade está na exportação de chapas de rochas ornamentais, um segmento mais vantajoso do que os blocos brutos tanto economicamente quanto estrategicamente. O principal fator é o maior valor agregado: enquanto os blocos passam apenas por extração e transporte, as chapas são beneficiadas com cortes, polimentos e acabamentos, aumentando significativamente seu preço de venda. Em 2024, enquanto um bloco bruto de granito teve um preço médio de US$ 258,95 por tonelada, as chapas do mesmo material foram comercializadas por US$ 1.079,17 por tonelada, demonstrando a superioridade do beneficiamento.

Além do ganho financeiro, a produção de chapas impulsiona o mercado de trabalho e o desenvolvimento local, exigindo mão de obra especializada para os processos industriais. Esse modelo fortalece a economia da Serra, que já se destaca como polo industrial do setor de rochas ornamentais.

E o que já era bom, melhorou. Em 2024, a Serra registrou um crescimento expressivo tanto na exportação de blocos quanto de chapas. No segmento de blocos brutos, a cidade exportou US$ 53,2 milhões, um aumento de 11,9% em relação a 2023 (US$ 47,5 milhões). O volume exportado também subiu de 94,9 milhões de kg em 2023 para 101,3 milhões de kg em 2024, crescimento de 6,7%.

Já na exportação de chapas, o avanço foi ainda maior. A cidade alcançou US$ 265,6 milhões em exportações, um crescimento de 16,2% sobre os US$ 228,5 milhões registrados no ano anterior. O volume exportado aumentou levemente, passando de 192,8 milhões de kg para 193,7 milhões de kg, demonstrando um crescimento no valor agregado por tonelada exportada.

Ou seja, se formos somar as exportações de blocos brutos e de chapas saídas da Serra, a cidade sozinha gerou US$ 318.836.737 em exportação em 2024. Evidentemente que houve variações na cotação do dólar no ano passado, mas se utilizarmos o valor atual (R$ 5,67), significa que a Serra exportou aproximadamente 1,8 bilhão de reais.

Ranking das exportações capixabas por município (2024)

Exportação de blocos brutos

Serra – US$ 53,2 milhões (101,3 milhões kg)

Cachoeiro de Itapemirim – US$ 46,5 milhões (104,2 milhões kg)

Barra de São Francisco – US$ 43,4 milhões (263,7 milhões kg)

Vitória – US$ 29,2 milhões (103,1 milhões kg)

Apesar de a Serra exportar menor volume de blocos do que Cachoeiro e Barra de São Francisco, o município gerou maior valor agregado, indicando um preço médio mais elevado por tonelada exportada.

Exportação de chapas beneficiadas

Serra – US$ 265,6 milhões (193,7 milhões kg)

Cachoeiro de Itapemirim – US$ 250,0 milhões (208,5 milhões kg)

Barra de São Francisco – US$ 111,2 milhões (137 milhões kg)

Castelo – US$ 49,1 milhões (68,6 milhões kg)

A Serra se consolidou como o maior exportador de chapas do Brasil, superando Cachoeiro de Itapemirim e Barra de São Francisco e concentrando mais de 25,6% das exportações capixabas de chapas. Isso reforça a posição do município como referência no beneficiamento e no processamento industrial de rochas ornamentais.

Destino das exportações

Os Estados Unidos seguem como o principal destino das rochas ornamentais capixabas, respondendo por 68,7% das exportações do setor em 2024 (dados de dezembro/2024). Na sequência estão China (11,7%) e Itália (5,1%). Diferentemente do Espírito Santo, estados como Minas Gerais, Ceará e Bahia têm uma participação maior do mercado chinês, reduzindo sua vulnerabilidade ao mercado dos EUA.

A Serra se beneficia de sua proximidade com o Porto de Vitória, um dos principais pontos de escoamento do setor, além de contar com uma indústria forte de beneficiamento e exportação de rochas, gerando milhares de empregos diretos e indiretos. Apesar de não possuir jazidas próprias, a cidade abriga grandes empresas do setor, localizadas no Civit I, na região norte, em Jacaraípe e no Jacuhy, tornando-se um dos principais polos industriais e comerciais de rochas ornamentais do Brasil. São empresas como a Zucchi Granitos, Luigi Antolini, Brasigran, Vitória Stone e Andrade Granitos, por exemplo.

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Yuri Scardini

Yuri Scardini é diretor de jornalismo do Jornal Tempo Novo e colunista do portal. À frente da coluna Mestre Álvaro, aborda temas relevantes para quem vive na Serra, com análises aprofundadas sobre política, economia e outros assuntos que impactam diretamente a vida da população local. Seu trabalho se destaca pela leitura crítica dos fatos e pelo uso de dados para embasar reflexões sobre o município e o Espírito Santo.

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