Lama da Samarco já está perto do Rio de Janeiro

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Situação da foz do rio Doce no último dia 10, cujas águas estão impregnadas dos rejeitos da mineração. Foto: Cassiano de Luca
Situação da foz do rio Doce no último dia 10, cujas águas estão impregnadas dos rejeitos da mineração. Foto: Cassiano de Luca
Situação da foz do rio Doce no último dia 10, cujas águas estão impregnadas dos rejeitos da mineração. Foto: Cassiano de Luca

Clarice Poltronieri

Já se passaram mais de 100 dias da tragédia/crime ambiental da Samarco (Vale+BHP Billiton) cujo rompimento da barragem de rejeitos de minério devastou mais de 600 km do rio Doce e a lama continua descendo e se espalha por todo litoral capixaba, tendo chegado próximo à divisa com o Rio de Janeiro, no município de Presidente Kennedy.

Os dados estão no site Governança pelo rio Doce onde é possível verificar que todo o litoral capixaba foi atingido pela chamada ‘pluma’ de sedimentos, parte menos densa da lama da Samarco. O site disponibiliza imagens de satélites da NASA, apontando os locais afetados pela lama com registros quase diários.

No litoral serrano, a lama estava próxima em meados de 26 de dezembro do ano passado, atingindo a costa em 1º de janeiro e desde então oscila, ora sendo vista no litoral, ora não. Segundo imagens do satélite, a lama chegou a atingir a região de Presidente Kennedy, no sul do estado, próximo à divisa com o Rio de Janeiro, em 5 de fevereiro e continuava na região até 10 de fevereiro.

O último registro divulgado na segunda (15) mostra a lama no litoral da Serra.

O Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) confirmou, por meio de nota, que a Samarco ainda não sanou o vazamento na barragem Fundão, em Mariana, Minas Gerais, e afirma que não é possível mensurar ainda a dimensão dos danos causados ao meio ambiente e ao homem, sendo necessário continuar o monitoramento da zona costeira e marinha do Rio Doce.

Pontos de análise não são revelados

Mas até o momento, apenas a região da foz do rio Doce foi avaliada, já que o Iema, em parceria com a Ufes, ainda está definindo os pontos a serem monitorados e nos parâmetros a serem analisados pela academia.

Já o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) afirma que acompanha o impacto da pluma diariamente com  imagens de satélite do Terra/Modis e Aqua/Modis, da NASA,  e que a Marinha, o Instituto Chico Mendes (ICMbio) e a Universidade Federal do Espirito Santo (Ufes) estão realizando análises ao longo do litoral, mas não especificou os pontos de análise.

Afirma ainda que notificou a Samarco a também realizar análises e que recomendou a suspensão da pesca na área de maior concentração da pluma.
A Samarco informou, via assessoria de imprensa, que tem realizado inúmeras ações ao longo do rio Doce, estas divulgadas em relatório na última segunda (15) e que acompanha o avanço dos resíduos no mar, disponibilizando aeronaves e imagens de satélite. Disse ainda que nos monitoramentos semanais das praias na região da foz do Rio Doce, até a região do Pontal do Ipiranga, não foi encontrado nenhum resultado de metal fora dos padrões. Sobre as demais praias atingidas pela pluma, a empresa não se pronunciou.

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Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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