
Nos anos 1980, o Brasil atravessava um período de transição histórica. O regime militar dava sinais de esgotamento e, em 1985, o país voltaria a ser comandado por um civil após 21 anos. Em meio a um cenário de instabilidade política e crise econômica, muitos jovens buscaram no serviço público uma oportunidade de estabilidade e propósito. Foi nesse contexto que começou a trajetória de um dos nomes mais experientes da administração capixaba.
Natural da Serra, Júnior Abreu, atual secretário-chefe da Casa Civil do Governo do Espírito Santo, iniciou sua carreira na prefeitura do município. Desde os primeiros passos, aprendeu uma das maiores lições de sua vida profissional “Ser servidor público é um sacerdócio”, afirma.
Segundo ele, a burocracia ainda é um dos maiores entraves enfrentados por quem está no setor público, muitas vezes sendo o próprio servidor o rosto visível dessa lentidão. A vontade de transformar essa realidade e melhorar os serviços prestados à população o conduziu à gestão pública. Logo no início, como auditor fiscal, percebeu que sua vocação estava menos na fiscalização e mais na busca por soluções administrativas.
“Eu queria entregar o que a população precisava, e eu só poderia fazer isso se entendesse de gestão”, relembra. Com o tempo, acumulou uma série de experiências à frente de órgãos estratégicos do Espírito Santo. Foi secretário municipal de Finanças da Serra, secretário da Fazenda de Aracruz, diretor-presidente do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), diretor da Cesan, secretário estadual de Esportes e, atualmente, comanda a Casa Civil estadual.
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Nessas quatro décadas de serviço, acompanhou a transformação da administração pública — desde os tempos do papel carbono até a digitalização de processos. Para ele, a tecnologia não é somente um recurso, mas um caminho sem volta. “Ou ajudamos a promover as mudanças tecnológicas, ou seremos atropelados por elas”, alerta.
Uma das experiências que mais o marcou foi a implantação da Guia de Trânsito Animal eletrônica (e-GTA) no Idaf, um documento obrigatório para o transporte de animais vivos no país. A iniciativa permitiu que o produtor rural emitisse o documento pela internet, reduzindo a burocracia e aumentando a autonomia de quem movimenta a economia do campo.
“Desburocratizamos o processo. Facilitamos a vida de quem produz riqueza para o Espírito Santo. Quando olho para trás, penso: eu ajudei a construir isso”, comemora.
Com uma trajetória marcada por dedicação e resultados, ele diz que continua com o mesmo espírito que o motivou no início da carreira: o de servir. “Essa é a minha maior realização profissional: eu consegui melhorar a vida de pessoas. E sigo com o meu sacerdócio.”