Greve de caminhoneiros segue afetando economia

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O setor de alimentos frescos é um dos mais afetados, diz Fecomércio. Foto: Fábio Barcelos/arquivo TN
O setor de alimentos frescos é um dos mais afetados, diz Fecomércio. Foto: Fábio Barcelos/arquivo TN

Clarice Poltronieri

Quase dois meses após a greve dos caminhoneiros, que durou 10 dias acabando em 30 de maio, a indústria e o comércio ainda se recuperam gradativamente.

Segundo o diretor da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio), Ilson Bozi, o setor só deve se normalizar por volta de agosto/setembro. “A greve prejudicou toda a economia e ainda estamos com reflexos dela. Como faltou matéria-prima para fabricação de alguns produtos durante a greve, a produção não se recuperou e estamos com dificuldade de fornecimento de alguns produtos. Deve levar uns dois meses para a situação normalizar”, calcula.

Ele detalha que os setores mais prejudicados são o de alimentos perecíveis, como carnes, embutidos, hortaliças, leite e derivados. Mas pontua que o setor de materiais de construção também sofreu. “A reivindicação deles foi justa, mas a greve é injusta, pois atinge terceiros. Fui dirigente sindical por anos e nunca incentivei greve”, opina.

A Fecomércio calculou que comércio capixaba chegou a perder 60% do fluxo de vendas durante a paralisação e estimou prejuízo de R$200 milhões (R$20mi/dia).

Nas indústrias capixabas a greve fez a produção recuar em maio (-2,3%), livre de efeito sazonal, valor abaixo da média nacional (-10,9%). Dos 15 estados pesquisados no Brasil, apenas o Pará registrou crescimento (+9,2%) na produção industrial de maio comparado a abril.

Já em comparação a maio de 2017, o recuo da produção capixaba foi de -5,4%, também inferior à média nacional (-6,6%). As quedas acentuadas e generalizadas na foram impulsionada pela greve dos caminhoneiros. Considerando o trimestre, o estado (+0,5%) e o Pará (+2,3%) foram os únicos a apresentar aumento.

Mas ao considerar o acumulado no ano (-5,1%) e nos últimos 12 meses (-1,9%) a produção capixaba apresentou recuo, enquanto no Brasil houve crescimento de 2% e 3% respectivamente. Os dados são do Instituto Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies).

A estimativa da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) de prejuízos no setor com a greve foi de R$70 milhões na Serra e de R$500 milhões no Estado. No ápice da crise, 70% das indústrias tiveram algum tipo de paralisação (total ou parcial).

Segundo a assessoria de imprensa da Findes, a partir deste mês acredita-se que o fluxo de caixa, os estoques e a distribuição vão se normalizar.

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Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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