Área de mata Atlântica na Serra é devastada com autorização do Estado

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A Polícia Ambiental e a Prefeitura da Serra vão acompanhar o caso que já foi denunciado ao Ministério Público do Espírito Santo. Foto: Bruno Lyra
A Polícia Ambiental e a Prefeitura da Serra vão acompanhar o caso que já foi denunciado ao Ministério Público do Espírito Santo. Foto: Bruno Lyra

Bruno Lyra

Um cenário de devastação. Assim ficou uma área de mata Atlântica entre a lagoa Juara e o rio Reis Magos cujo desmatamento foi autorizado pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf).  A reportagem esteve no local na última terça (26).

O terreno pode ser acessado a partir das obras abandonadas do Contorno de Jacaraípe, por estrada vicinal entre plantações de eucalipto. São cerca de 8,5 km do bairro São Francisco até a área desmatada. No entorno dela, ainda há fragmentos expressivos de mata Atlântica e o único cultivo que há nas imediações é de eucalipto.

O ativista Adriano ‘Nino’ Santana, publicou um vídeo em seu canal no You Tube chamado ‘As Aventuras de Nino’ denunciando a destruição. “Conheci essas matas antes da devastação. Notamos o início do desmatamento há cerca de um mês. Nessa área vivia onça, jaguatirica, gato do mato, veado mateiro, tatus, preguiça-de-coleira, macacos. É triste, não tem como não se emocionar”, desabafa.

Numa ida anterior, Nino flagrou o uso de trator de esteira para derrubar a mata. Para o presidente do Instituto Brasileiro de Fauna e Flora, Claudiney Rocha, o prejuízo é grande para espécies ameaçadas. “Isso não era uma floresta em estágio inicial de regeneração. Há vestígios da presença de preguiça-de-coleira e jaguatirica, duas espécies em situação crítica”, alerta.

Já o sargento Reis, da Polícia Ambiental, foi ao local no último dia 28 de junho. “O responsável apresentou autorização do Idaf. Mesmo assim foi feito boletim de ocorrência e encaminhado ao Ministério Público. Pedimos mais esclarecimentos ao Idaf e voltaremos ao local para ver se o que foi derrubado está de acordo. Também pedimos um parecer técnico da Semma (Secretaria de Meio Ambiente da Serra)”, salienta.

Em nota, a Semma disse que não foi informada pelo Idaf nem autorizou corte na área. Falou que técnicos estiveram no local junto com a Polícia Ambiental, que registrou ocorrência por Crime Ambiental.

Já o Idaf disse, também via assessoria, que a autorização era para desmate de 5,5 hectares de vegetação nativa em estágio inicial de regeneração, passível de liberação por lei, argumento contestado pelos ambientalistas. E segundo a própria prefeitura, o desmate pode ter chegado a 13 hectares.  Diante disso, o Idaf prometeu enviar uma equipe ao local, mas se negou a informar o nome de quem recebeu a autorização para o corte.

Confira vídeo feito na área onde ocorreu a destruição:

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Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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