Desafios só aumentam: IBGE atualiza dados e Serra salta para quase 600 mil habitantes

Crédito: Edson Reis.
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Crédito: Edson Reis.

Se o crescimento populacional da Serra já era preocupante, como registrado no Censo Demográfico de 2022, a situação se tornou ainda mais evidente após a correção divulgada em agosto deste ano. Novos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimam que a Serra, na verdade, possui 572 mil habitantes – um aumento de 51.621 pessoas em relação ao que havia sido divulgado anteriormente.

Em termos percentuais, a correção indica que a Serra tem 9,91% a mais de população. Antes da atualização, o município ocupava a 41ª posição entre os 5.570 municípios brasileiros em termos de tamanho populacional. Com a mudança, a Serra subiu duas posições, tornando-se o 39º município mais populoso do país.

No total, 5.368 cidades ganharam habitantes após o recálculo, e a Serra ficou em 21º lugar nessa lista. A cidade que mais cresceu foi o Rio de Janeiro, que, segundo o IBGE, adicionou impressionantes 518.471 pessoas ao cálculo.

Essa atualização decorre do primeiro balanço da Pesquisa de Pós-Enumeração (PPE) do Censo Demográfico 2022, divulgado no final de agosto. Na prática, é uma espécie de revisão do Censo, que, com dados refinados a partir da segunda coleta, corrigiu o levantamento original. Com isso, foram acrescentados 7,9 milhões de habitantes à contagem inicial no país, representando um aumento de 3,9%.

O IBGE esclareceu que essa é uma correção do Censo de 2022 e não indica um aumento populacional entre 2022 e 2024. Trata-se de um recálculo da população de 2022, feito após uma investigação que revelou erros na contagem original.

O tamanho da população é um indicador fundamental para as cidades, pois, entre outras questões, é utilizado como critério para o rateio de recursos públicos, como os repasses feitos através do Índice de Participação dos Municípios (IPM), que compõe o cálculo da cota de distribuição federal destinada aos municípios. Embora não seja o caso da Serra, estima-se que em 7 de cada 10 cidades no Brasil, o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) é a principal fonte de receita.

Além dos recursos, os dados populacionais orientados pelo IBGE são essenciais para a definição de políticas públicas municipais, que precisam ser adaptadas à realidade estatística local. O tema, naturalmente, gerou debate no país; a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), por exemplo, solicitou no último dia 9 que o IBGE realize uma nova contagem populacional em 2025, após o recente recálculo. A alta variação populacional causou insegurança quanto ao quadro real dos municípios.

Diferentemente da postura da CNM, na Serra, o recálculo foi bem recebido. O próprio prefeito, Sergio Vidigal, já havia expressado em pronunciamentos públicos que não acreditava na estimativa inicial do IBGE, que indicava 520.653 habitantes para a cidade. Vidigal afirmava que, ao percorrer a Serra, era evidente que o município era mais populoso. Essa perspectiva foi corroborada pela correção do IBGE, que elevou o número de habitantes para os atuais 572.274.

O crescimento populacional da Serra é registrado desde a década de 1960, quando a cidade entrou em sua fase industrial. Esse período atraiu um grande número de trabalhadores e deu início às ocupações habitacionais, tanto regulares quanto irregulares, que hoje compõem a malha urbana da cidade. Esse fenômeno de intensa migração desencadeou inúmeros desafios, como o colapso nos sistemas de saúde, educação e segurança, especialmente entre as décadas de 1980 e 1990, sendo parcialmente remediados apenas no início do século 21.

Desde 1960, o acentuado crescimento populacional da Serra nunca cessou, apenas acelerando ou desacelerando conforme a conjuntura econômica nacional e internacional, dada a vocação da cidade para o comércio exterior. Esse crescimento é a base de qualquer política pública municipal, pois toda a estrutura de oferta de serviços públicos precisa ser planejada a partir dele, desde o fornecimento de água encanada até aspectos menos visíveis em diferentes setores da sociedade.

O crescimento populacional continua sendo o principal desafio da Serra, exigindo atenção e planejamento para lidar com as demandas da população em constante expansão.

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Yuri Scardini

Yuri Scardini é diretor de jornalismo do Jornal Tempo Novo e colunista do portal. À frente da coluna Mestre Álvaro, aborda temas relevantes para quem vive na Serra, com análises aprofundadas sobre política, economia e outros assuntos que impactam diretamente a vida da população local. Seu trabalho se destaca pela leitura crítica dos fatos e pelo uso de dados para embasar reflexões sobre o município e o Espírito Santo.

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