Com concorrência mais taxada, tarifa de Trump pode ser chance para a Serra, diz Centrorochas

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Fundada por Jonas Zucchi em 1994, a Zucchi se tornou uma das maiores do setor na Serra. Crédito: divulgação.

A nova política tarifária anunciada pelos Estados Unidos, que impõe uma alíquota de 10% sobre produtos brasileiros, acendeu o sinal de alerta em diversos setores da economia nacional, incluindo os bilionários polos industriais de aço e rochas da Serra. No entanto, para o segmento de rochas ornamentais, a medida pode representar uma janela de oportunidade.

Em nota enviada ao Tempo Novo, o Centrorochas (Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais) afirmou que acompanha com atenção os efeitos da medida adotada pelo governo norte-americano. Apesar do impacto direto ainda ser incerto, o cenário pode ser menos desfavorável para o Brasil em relação a outros países concorrentes.

Segundo a entidade, a taxação de 10% sobre produtos brasileiros foi, na prática, mais branda do que as tarifas aplicadas a nações como Índia e Vietnã, grandes exportadoras de superfícies de quartzo — material artificial que compete diretamente com as pedras naturais brasileiras. Com a sobretaxa mais agressiva sobre esses rivais, o Brasil pode ganhar vantagem competitiva no mercado americano, desde que a demanda por revestimentos se mantenha aquecida.

“O Brasil pode estar em posição menos desfavorável em comparação a outros países fornecedores de superfícies, principalmente aqueles relacionados a superfícies de quartzo”, destacou o Centrorochas.

Apesar da leitura estratégica otimista, a entidade pondera que o cenário macroeconômico global é desafiador. Com a possibilidade de aumento de juros nos EUA e uma desaceleração na construção civil — principal setor consumidor de rochas ornamentais —, os efeitos práticos da nova política tarifária ainda são imprevisíveis.

Mesmo diante da incerteza, o Centrorochas afirmou que seguirá atento aos desdobramentos internacionais, reafirmando seu compromisso com a representação e defesa do setor em fóruns globais.

A cidade da Serra tem papel estratégico nesse cenário. O município é a maior exportadora de rochas ornamentais do Brasil e lidera um mercado bilionário que movimenta milhares de empregos diretos e indiretos. Em 2023, segundo dados oficiais compilados pelo Tempo Novo, a cidade exportou o equivalente a R$ 948 milhões em rochas naturais, o que representa 25% de todo o volume exportado pelo Brasil nesse setor. A maior parte desse volume foi para o mercado dos EUA. O município abriga grandes empresas e infraestrutura logística privilegiada, centros de beneficiamento e áreas industriais.

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Yuri Scardini

Yuri Scardini é diretor de jornalismo do Jornal Tempo Novo e colunista do portal. À frente da coluna Mestre Álvaro, aborda temas relevantes para quem vive na Serra, com análises aprofundadas sobre política, economia e outros assuntos que impactam diretamente a vida da população local. Seu trabalho se destaca pela leitura crítica dos fatos e pelo uso de dados para embasar reflexões sobre o município e o Espírito Santo.

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