Audiência vai discutir os incêndios em área de turfa na Serra

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Em 2015 o incêndio castigou a Serra entre o final de janeiro e início de maio. Este ano voltou a se repetir em abril. Foto: Arquivo TN/Bruno Lyra
Em 2015 o incêndio castigou a Serra entre o final de janeiro e início de maio. Este ano voltou a se repetir em abril. Foto: Arquivo TN/Bruno Lyra

Bruno Lyra

Nesta terça – feira (09) acontece audiência pública para debater e cobrar soluções sobre a fumaça da turfa, grave problema ambiental e de saúde pública que vem assolando a Serra nos últimos três anos.

Será na Câmara de Vereadores, localizada na Serra Sede, às 15h. A proposição é do vereador Aécio Leite (PT), que acatou pedido dos ativistas do Movimento Ambiental da Serra. Uma das integrantes do Movimento, Luciana Castorino, contou que a audiência também terá  a participação de outras duas entidades da sociedade civil: a ONG Amigos do Mestre Álvaro e o Instituto Brasileiro de Fauna e Flora (Ibraff).

Também é esperada a participação da Federação das Associações de Moradores da Serra (FAMS) e lideranças comunitárias. “Foram convidados representantes da Semma (Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Iema (Instituto Estadual de Meio Ambiente) e Corpo de Bombeiros. Queremos mais monitoramento e uma solução para esse problema”, pontua a ativista Luciana.

A turfa é uma camada de galhos, folhas e outros restos de plantas em decomposição que fica em solo alagadiço. Na Serra há uma extensa área assim no entorno do Mestre Álvaro. A profundidade é variável, de um a 40 metros segundo o geólogo e professor de Engenharia Civil da faculdade Multivix, Joãozito Amorim Júnior.

Quando a turfa pega fogo, o incêndio acontece por bairro da terra e joga muito enxofre e monóxido de carbono no ar junto com a intensa fumaça de cheiro característico. E o combate é difícil, pois o fogo fica por baixo da terra, sendo necessário inundar o local para apagar.

Os incêndios começaram em 2015, quando a superseca que castiga o ES desde 2014 se agravou. Alguns incêndios duraram mais de dois meses. O mais recente aconteceu em abril e foi controlado no último dia 01 de maio.

Presidente da Sociedade de Pneumologia do Espírito Santo, a médica Cileia Martins alerta que a fumaça nos bairros gera aumento de casos e também o agravamento das doenças respiratórias, podendo em pacientes mais debilitados levar à morte. Especialmente bebês e idosos. 

Cileia já atuou na rede pública da Serra na região de Carapina e atualmente atende em hospital privado em Laranjeiras. Ela conta que em abriu último os atendimentos em seu consultório cresceram 30%. 

A região do solo de turfa abrange os bairros Pitanga, Laranjeiras Velha, José de Anchieta II, Jardim Tropical e Central Carapina, além dos polos industriais TIMS, Piracema e Jacuhy. E nela também passará o Contorno do Mestre Álvaro.  Por isso é uma região que sofre pressão imobiliária.

Embora possa haver combustão espontânea em turfa, especialmente porque a região sofreu drenagem artificial com canais feitos pelo antigo órgão federal DNOS (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), há desconfiança que os incêndios sejam de origem criminosa. 

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Gabriel Almeida

Jornalista há mais de ano anos, Gabriel Almeida é editor-chefe do Portal Tempo Novo. Atua diretamente na produção e curadoria do conteúdo, além de assinar reportagens sobre os principais acontecimentos da cidade da Serra e temas de interesse público estadual.

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